sexta-feira, julho 01, 2016

Um dia pensei que fosse o "Mike Tyson" brasileiro!


Mike Tyson me fez amar o boxe. Em uma viagem à Serra Negra para o clube de campo Vale do Sol, eu e meu pai ficamos acordados até às 3h00, em um auditório cuja a média de idade dos espectadores era a mesma de Matusalém no 'dilúvio'.

Os velhinhos produziam burburinhos tão altos que acordariam uma girafa e para festejar havia uma 'sinfonia' de flatulências que Ali, Frazier e Tyson não dariam nem para 'cheiro' .

 O esforço para ver o embate durou pouco. Pois Luciano do Valle narrou apenas quatro rounds do nocaute de Mike sobre Larry Holmes.

 Graças ao mito (Tyson) tive uma aventura como 'lutador': fui até o clube Sampaio Moreira, perto do metrô Carrão, na capital paulista, para praticar a nobre arte. 

No primeiro treino torrei tanto o saco do treinador para subir no ringue, que ele permitiu que eu lutasse com o mais experiente daquela academia. 

Eu me achava uma espécie de 'Tyson brasileiro', fechei a guarda e munido de capacete e luvas parti pra cima do oponente. O adversário era um homenzarrão, que dava risadas enquanto eu tentava 'bailar' no ringue. 

Ele ameaçou me bater com a esquerda, eu fechei a guarda e tentei um jab e ali,naquele fatídico segundo da escolha errada do soco, foi sepultada uma das carreiras mais promissoras de todos os tempos da categoria peso-pesados. 



Pois ele me acertou um direto com a direita com meia força (segundo ele, para mim foi uma hecatombe), que cai, tonto com o nariz sangrando e ouvindo as gargalhadas ao fundo. 

Após quinze minutos foram me resgatar no meio do tablado, pois imaginavam que eu tivesse sofrido um AVC. E assim terminou a minha curta carreira (25 segundos) de boxeador. 

Mas continuei fã do Mike e também de quem escreve sobre ele, entendendo o homem, o lutador e o que ele representou para o esporte, como faz o Wilson Baldini Junior.

quarta-feira, junho 22, 2016

Doze anos sem Brizola, um grande brasileiro que faz falta e conheça a verdadeira história do "Sapo Barbudo"!



"O horizonte abra-se diante dos seus olhos, carregados de nuvens cinzentas", é a fala da locutora na última parte do documentário "Tempos de Luta", que narra a trajetória de Leonel de Moura Brizola, que neste 22 de junho completa 12 anos de sua morte e também descreve a atual situação política brasileira.

Brizola é um brasileiro que faz muita falta no cenário político. Acima de vitórias e derrotas, lutava por princípios, pela educação, pelos direitos dos trabalhadores. O único político eleito por eleição direta para o cargo de governador em dois Estados diferentes, o Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro por duas vezes.

Admirador de Getúlio Vargas, que foi padrinho do seu casamento com a irmã de João Goulart, não se apoiava em plataformas religiosas nos seus planos de governo e primava pelos direitos humanos nas incursões nas comunidades carentes.

Era inimigo da plutocracia e dos conservadores. Polêmico, nos debates se destacava pelo carisma e grande eloquência nos discursos. Quem não se lembra de Brizola taxar Paulo Maluf de "filhote da Ditadura", Moreira Franco de "Gato Angorá" e dizer que Lula era um "sapo barbudo".

Brizola e Lula

Aliás, a história com o ex-presidente Lula é enorme. Apoiou o então candidato do PT contra Fernando Collor de Mello, no segundo turno da eleição presidencial em 1990. No pleito seguinte foi escolhido como o vice-presidente na chapa PT e PDT, que era encabeçado pelo líder petista. 

A história do "Sapo Barbudo" é curiosa, pois a maioria cita a mesma para desprestigiar Lula, mas tem o sentido inverso. Em uma entrevista, questionado sobre o apoio ao Partido dos Trabalhadores, no segundo turno da eleição presidencial em 1990, o gaúcho citou uma frase do ex-senador Pinheiro Machado - "A Política é a arte de engolir sapos" -; sobre a mesma, Leonel fez o seguinte comentário: "Não seria fascinante fazer esta elite engolir o Lula, esse sapo barbudo? Vamos no menos pior, pelo menos".

Apreço pela justiça social vem de muitos anos, Brizola criou a campanha pela legalidade do mandato de João Goulart, que deveria assumir à presidência da república, após a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Os setores conservadores não queriam que Jango assumisse o posto. Goulart foi eleito por voto direto, não à moda "Michel Temer", já que à época havia um pleito específico para o cargo de vice-presidente. 

Graças a campanha de Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, o Golpe de Estado atrasou por três anos, quando em 1964 Jango foi deposto e muitos políticos tiveram seus direitos cassados. Brizola foi voto vencido à resistência pela luta armada.

Amigo de Fidel Castro, surgiu a história "El Ratón", que Brizola recebera de Cuba US$ 1 milhão para promover a revolução socialista, mas que nunca dera satisfação ao líder cubano sobre o gasto do dinheiro. Anos depois, Castro, entrevistado pelo Jornal do Brasil, disse que nunca houvera o "Ratón".

Depois de anos no exílio voltou ao Brasil e tentou recuperar a sigla do PTB, mas perdeu na justiça e fundou o PDT (Partido Democrático Brasileiro) e com o antropólogo Darcy Ribeiro fez uma transformação na educação fundamental do Rio de Janeiro com a criação dos CIESPs (Centros Integrados de Ensino Público).

Ciro Gomes, Carlos Lupi e Leonel Brizola

Agora filiado ao PDT, Ciro Gomes, tem algumas virtudes do "caudilho": carismático,progressista,  polêmico e sem nenhuma ação julgada por improbidade administrativa. Já antecipou que será candidato `à presidência da república em 2018,  pelo partido fundado por Brizola. Será que a história vai se repetir? 

domingo, junho 19, 2016

Um sorriso pontual ao meu pai e tio que me "ensinaram" Chico Buarque de Holanda!




Não há dinheiros, agradecimentos e pagamentos a meu pai e ao meu tio por ouvirem Chico Buarque de Holanda quando este marmanjo era um moleque. Neste domingo, 19 de junho de 2016, o cantor, escritor e compositor comemora 72 anos. 

"O meu mundo não era um apartamento", mas era a rua não asfaltada, o futebol da democracia corintiana, um contato muito próximo com tios e avós. Discussões políticas na família eram tão comuns e quase todos com posições  mutantes e divergentes no almoço de domingo amiúde, com 19 pessoas, humilde na variedade de pratos, mas abundante na quantidade. 

O tempo passou e todos nós 'levamos pedras como penitentes', o país mudou, mas há pessoas que continuam com os resquícios da ditadura. Um patrimônio cultural como Chico Buarque de Holanda tem que ser reverenciado sempre. Sorte de um país que pode contar com ele, disse Jô Soares.

Privilégio tive eu, em ter um pai (Nilton) e tio (João Carlos) que ouviam e cantavam (mal) Chico a todo instante. Aquelas passagens da vida que não damos a mínima quando estamos vivendo, mas ficam enclausuradas em nossas mentes  cada segundo, todos os odores, as cores ficam mais fortes na sua "moringa"e saudosa para todo e sempre. 

Um fusquinha, daqueles com motores poderosos, o primeiro 1.300 e o segundo 1.500, eram lavados todos os sábados, em épocas distintas, em um lava-rápido na praça Silvio Romero, na capital paulista, quando era possível pagar uma lavagem. 

No caminho meu pai cantarolava "Cotidiano"- 'Todo dia era sempre igual...' e fazia eu e a minha irmã  repetir os estrofes na mesma entonação. Era ridículo, mas como é maravilhoso hoje. Enquanto o 'possante' era lavado, jogávamos algumas fichas de fliperama e três refrigerantes depois - um para cada -  a volta para casa e o encontro com à minha mãe com almoço pronto. 

Após à sesta, meu pai assistia o filme da tarde e no início da noite pegava o seu long play -LP- e ouvia duas vezes 'Construção' e depois as outras músicas. Ainda hoje, nunca ouço uma única vez e continuo repetindo cada estrofe como ele fazia e deve fazer até hoje - Amou daquela vez como se fosse a últimaaa-. 


Meu outro "Chico" era o meu tio. Ele tinha alguns 'bolachões', mas nunca o vi escutando, mas sempre lendo as letras e elogiando a genialidade do Buarque de Holanda. Um dia durante a semana fui à casa da minha avó, precisava inventar um lanche para escola municipal Dr.João Naoki Sumita. Ele estava trabalhando e eu fui ao seu quarto e ouvi pela primeira vez o LP 'Vida', enquanto a minha vó preparava um sanduíche de patê de sardinha que faz sucesso até hoje. 

"Vida, minha vida, olha o que é que eu fiz ", este refrão me persegue até hoje. Faço essa pergunta a mim todos os dias, desde da primeira vez que eu comi a merenda de 'sardinha' graças ao "bolachão" do titio 'Cabeção'.  

Em outro disco havia a canção "Pelas Tabelas". Eu posso  escutar essa música em qualquer lugar, : velório, enterro, missa, batizado, reunião de trabalho, dobro os joelhos e balanço os braços para frente e para trás e rogo "Ando com a minha cabeça já pelas tabelas, claro que ninguém se toca com a minha aflição".

Meu pai e meu tio me deram a oportunidade de aprender com Chico. Nos lps eu aprendi sobre política, a falar de amor, a decidir a profissão que escolhi exercer, da inquietude que causa a minha aflição até hoje. E eu ainda acredito e luto para que um 'bocado de gente descendo as favelas para pedir a cabeça dos homens que olham para as favelas, será que a minha cabeça faça as pazes assim?' como o septuagenário pedia. 

Ao optar por exercer o jornalismo, sempre lembro do verso de "Bom Conselho" - Ouça um bom conselho, Que eu lhe dou de graça, Inútil dormir que a dor não passa - . Esse deveria servir como o lema da profissão para que ninguém nunca fique  na casa do desconforto. 

Por fim, casei com uma Beatriz, a mais linda canção de amor de Francisco. De resto? Semeei o vento e  estou na rua bebendo a tempestade.

terça-feira, junho 14, 2016

Dandara, e agora?


Danda ara o céu que não existe?

Danda ara e apaga o inferno que é a terra?

Danda ara a paciência que nunca tive?

Danda ara a tristeza que revolta?

Danda ara a saudade que sempre tive de ti e não fui te ver?

Danda ara o dia que te vi com o Tonhão no bar do João?

Danda ara de novo os dias que você fugia e sempre retornava?

Danda ara o tempo que nunca volta?

Danda ara o momento que você não passou com o Xangai?

Danda ara a lembrança de quando você reencontrou o  Baggio?

Danda ara estes tempos sombrios e de  indiferença?

Dandara, por que sempre arou alegria, entusiasmo e amor?

E agora, Dandara, como vou arar a melancolia que tenho de ti?




domingo, junho 12, 2016

Como será um Palmeiras x Corinthians daqui a 23 anos na República Fundamentalista do Brasil!

Reprodução da Folha de S.Paulo de 13 de junho de 1993

Há exatos 23 anos, eu estava no Morumbi na quebra do jejum de títulos do Palmeiras sobre o Corinthians. 

O estádio estava dividido ao meio.

 Metade verde e a outra alvinegra. 

Era o auge do acirramento entre os torcedores organizados. Uma semana antes, na vitória do Timão, o atacante Viola imitou um "Porco"( símbolo palmeirense), na comemoração do gol da vitória.

Não lembro de mortes por causa de confrontos entre torcedores no pós jogo, mesmo pesquisando o arquivo da Folha, não encontrei nada.

Atualmente, os tecnocratas e plutocratas decidiram que apenas 10% dos torcedores do time não mandante poderiam assistir um clássico e no ápice da incompetência deliberaram que  nenhum fã poderá ver o seu clube ao vivo, quando este, não for o mandante. 

Parece que estamos entrando em uma nova era, a de um conservadorismo profundo, talvez o fundamentalismo, a maior rivalidade de São Paulo poderá ser uma disputa de "fé",  e não só a da bola dentro dos gramados.

Fico imaginando como será o "Derby" daqui a duas décadas e três anos, precisamente em 2039.

As mudanças começariam pelos mascotes. 

Por que aonde já se viu um "Porco" e o "Gavião" representarem pequenas "nações"?

O "Porco" palmeirense,  seria substituído por um "Cordeiro", aquele que tirais o pecado do mundo. 

E o "Gavião" dará lugar a "Águia", assim todos, seriam elevados as alturas. 

As organizadas também mudariam os nomes. 

Nada de "Gaviões da Fiel" e sim  "Corintios do Senhor" e  "Mancha Alviverde" nem pensar, passaria a ser chamada "Verde Crente".

Os "gritos de guerra" seriam alterados até na nomenclatura, o "certo" seria "Sermão do Exorcismo". 

Nenhum palmeirense elevaria a voz para incentivar com "Dá-lhe Porco", em 2039, a motivação será feita por - "Cordeiro Verde, que tirais o Pecado do Mundo"- , mesmo que não rime tanto; já os corintianos, passariam a serem denominados como "corintios", e atingiriam o ponto culminante na elevação espiritual com :  "Todo Poderoso Senhor, dai-nos a vitória"- .

Em vez do hino nacional ou dos clubes, seriam "celebrados" cânticos evangélicos, tais quais "Segura na Mão de Deus" e  o "Senhor é meu pastor e nada me faltará".

Nas sedes das agremiações, não teriam mais bustos de dirigentes e de ex-jogadores e sim, para pastores que fizeram sermões e exorcismos famosos, como Silas Malafaia e Marco Feliciano. 

A imprensa continuaria criativa e denominaria "As brigas entre crentes torcedores " como  "Guerra Santa". 

O dízimo seria exigido e não mais pedido dos literalmente fanáticos durante os jogos. O pagamento poderia ser feito por dinheiro em espécie, no cartão de débito e  de crédito.

Até o vale refeição seria aceito nas arquibancadas, numeradas, menos nos camarotes. Estes, por direito, serão reservados para os parlamentares, especificamente os 450 deputados e 70 senadores da turma evangélica do Congresso Nacional.

A bancada que trabalha há muitas décadas por sua "crente comunidade"conseguiu ótimos resultados, comemorados como gols em jogos de futebol:  em 2016, os templos religiosos não pagavam impostos, em 17, não era cobrado o IPTU das igrejas, em 2025, pastores compravam carros sem pagar o IPI, em 2034, os "homens de Deus" traziam o que queriam do exterior sem pagar  taxas alfandegárias. 

Enfim, atingiu o futebol em 2039. Os ingressos não seriam mais cobrados, neste futuro imaginado e não tão distante. A lei "Feliciano" uma espécie de "Rouanet " dos fundamentalistas, obrigava a União a subsidiar a entrada dos fiéis nos campos de futebol. Assim, o lema do então presidente do Brasil, "Silas Feliciano VII" (eleito por eleição indireta), faria sentido:  Fé e Circo a todos. Para comprar o Pão, não pense, trabalhe.

Afinal,  Deus é Fiel!

quinta-feira, junho 09, 2016

A quem interessa o futebol brasileiro corrupto e desorganizado?



A Seleção Brasileira ganhou cinco Copas do Mundo, apesar dos seus dirigentes. E não ao contrário. E a quem interessa que continue essa desorganização e corrupção no futebol? Identifiquei três castas: 


O Brasil vive a sua maior crise de credibilidade na Confederação Brasileira de Futebol . O seu presidente, Marco Polo Del Nero, não pode deixar o país, pois tem medo da prisão, já que  FBI  (Polícia Federal Americana) está no seu encalço, devido as acusações de corrupção em negócios com a Fifa.

Portanto, identificada a primeira "casta". Os dirigentes das federações e clubes: o que faz estes abnegados seres humanos a deixarem a sua família, seus negócios, para trabalharem sem ou com salários irrisórios com cobranças injustas, paixões exacerbadas, para dirigirem agremiações endividadas e próximas da falência? 

A resposta é rasa e até simplória. Os cartolas ganham poder, números obscenos em números de torcedores(influência) e muito dinheiro, com pouca ou nenhuma investigação pública ou uma auditoria interna culminando em impunidade. Esta "regalia" premiada com a não punição é uma atração para delitos de qualquer espécie, entre eles, a lavagem de dinheiro, corrupção e a sonegação de impostos.

Em qualquer horário você pode assistir uma partida de futebol no Brasil. Às 11h00, de domingo, 16h00, 18h30  e 19h30 e a escala continua com vasta variação aos sábados, quartas, terças e quintas.  Não havia jogos na segunda, mas em um futuro próximo terá.  
Assim, a segunda casta está identificada: detentores dos direitos de transmissão.

O poder dos veículos de comunicação são imensos graças aos investimentos bilionários. No Brasil, estes direitos pertencem a Rede Globo, em todos setores: TV Aberta, À Cabo e Internet. 

Os executivos destes grupos implodem qualquer união entre os clubes brasileiros, pois estes poderiam encontrar pontos em comum gerando necessidade especificas obtendo invariavelmente conquistas. 

Claro que a terceira "casta" que não vê relevância nenhuma na organização do esporte, que  é a do político. Times de futebol são "currais" eleitorais e trampolim para o  ambicioso "cidadão de bem" conquistar votos e chegar as câmaras: municipais, estaduais e federal. E quando eleitos, os mesmos, fazem de tudo para que os "privilégios" sejam mantidos e por final, a impunidade seja mantida e que os crimes continuem sendo praticados.








quarta-feira, junho 08, 2016

Até quando o torcedor de futebol vai cultuar a homofobia e colaborando somente em 2015 com 318 mortes!

Bilhete encontrado na cidade de Teresina no Piauí


É isso mesmo que você leu no título. O torcedor brasileiro sempre cultuou com a violência homofóbica no país. Em 2015, foram assassinadas 318 pessoas por terem a orientação sexual diferente da tua. 

Destes cidadãos pagadores de impostos como qualquer outro, sem ter os mesmos direitos, morreram por que eram gays, travestis, lésbicas e bissexuais.

Os apelidos "bambi", "pó de arroz" e agora com o grito de "bicha" gritados no campos de futebol do Brasil, para os goleiros nas cobranças de tiro de meta, são os mais notórios traços da cultura homofóbica no Brasil. E não é só isso, o jornalismo esportivo corrobora e muito com isso.

Não é raro, em dia da Parada Gay na capital paulista, repórteres esportivos elaborarem a "piadinha"que o estádio Morumbi ( Propriedade do São Paulo Futebol Clube) está vazio por causa da manifestação LGBT. Até quando a irresponsabilidade dos colegas jornalistas vão continuar difundido o preconceito? 

Antigamente, norteados pela ignorância a sociedade aceitava este tipo de bestialidade. Hoje, brasileiros e brasileiras, com informações minuto a minuto, com os homicídios escancarados em nossas "caras", todos nós temos a obrigação de evitar a promulgação desta brutalidade. Ou você vai esperar o problema bater a sua porta? 




terça-feira, junho 07, 2016

Por que brigamos por figuras como Eduardo Cunha e Gilmar Mendes?

Eduardo Cunha e Gilmar Mendes


O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, são figuras tão caricatas que não deveriam criar uma vírgula de palavrório entre à direita e à esquerda.

São figuras gangrenas, apequenam o ambiente que frequentam, deixam menor a causa que defendem com seus subterfúgios e agressividade contumaz, são degenerados de uma elite plutocrática, esnobe e inculta.

A "alta roda" brasileira defenderá a torto e com o "Direito", se maquiando em "togados" apátridas, transmutando em uma alquimia venenosa privilégios no "justo". Desses confins da manutenção das benesses, daqueles que sempre obtiveram o capital ao explorar, escravizar e prostituir o suor alheio,  nascem os "tais" representantes parlamentares.

Esses "comissários" do Congresso Nacional acreditam que comutaram o passado sem a "realeza" de distintos sobrenomes por "favores constitucionais". E assim podem coabitar os mesmos recintos da  "alta sociedade" .

Enganam-se! Os  "fidalgos" não deixam rastro, cheiro, trilha ou eco, ao primeiro escândalo os escroques parlamentares são execrados em praça pública, com raras exceções, são presos.

Portanto antes de iniciar uma discussão em torno de Eduardo Cunha e Gilmar Mendes, adeptos das correntes políticas de direita e da esquerda (claro que me refiro daqueles tiverem a boa intenção para elevar o país a uma justiça social) não engalfinha-se. Para alguns, valem muitos niqueis, mas para este escriba dois vinténs é muito.

segunda-feira, junho 06, 2016

Vivemos um "Regime de Exceção" de 60 anos no futebol brasileiro!

Dunga, Del Nero e Gilmar Rinaldi

Tenhamos que reconhecer que a Seleção Brasileira está em estado de calamidade pública. Desde da goleada para a Alemanha por 7 a 1, na semifinal da Copa no Brasil, a maior vergonha do esporte mundial, a camisa verde e amarela perdeu o respeito. Praticamos um futebol burocrático, igualado ao Equador, México e Paraguai. Não por deméritos dos co-irmãos, mas pela falta de capacidade de administrar, treinar e jogar dos nossos patrícios. 

A Fifa (Federação Internacional de Futebol) sofreu uma devassa em suas contas que culminou com o afastamento do presidente Joseph Blatter, do secretário geral, Jerome Valcke e a prisão de outros, inclusive de três ex-presidentes da Conmebol (Confederação Sul Americana de Futebol), os paraguaios Nicolás Leoz, Juan Angel Napout, do uruguaio Eugenio Figueiredo e também da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin. Toda esta avalanche acontecendo no mundo da bola e no brasileiro, nada. 

Chegamos ao extremo do presidente da entidade principal do esporte pentacampeão do mundo não pode viajar com medo de ser preso pelo FBI ( Polícia Federal dos Estados Unidos) por suspeitas de corrupção. Marco Polo Del Nero, o 'agraciado' com a suspeita dos policiais americanos, mantém o seu cargo em solo nacional, após um pequeno afastamento.

Del Nero no Brasil não é incomodado pela `Polícia Federal, nem pelo Ministério Público, muito menos pelo Supremo Tribunal Federal, pelos cartolas dos clubes que compõe a 'famiglia' nem um pio e pela imprensa menos que deveria. 

Vivemos no futebol brasileiro um 'Estado de Exceção' desde 1956, quando João Havelange assumiu a então CBD (Confederação Brasileira de Desportos). Os "direitos civis'' suspensos são dos torcedores que teria como garantia de viverem a sua paixão com respeito, honestidade e competência naquilo que escolheram por livre arbítrio como patrimônio da paixão nacional. 

Além de Havelange, outro notório "ditador" também mandou no futebol brasileiro, Ricardo Teixeira. Com os dois ganhamos cinco Copas do Mundo e perdemos todas as Olimpíadas. Não pelo mérito de seus gerenciamentos. Ambos impunham o poder do dinheiro e mais nada. 

Tudo era mascarado pelos resultados, afinal o brasileiro ostentava uma "escola" copiada e reverenciada no mundo inteiro dentro das quatro linhas. Tanto que mesmo com o jejum de 24 anos de títulos, ainda éramos invejados, vide time de Telê Santana, em 1982. 

Enquanto nos gramado era um motivo de orgulho e encantava, a caixa registradora da instituição não parava. Atualmente deixou de ter brio, mas o dinheiro continua entrando aos montes na "Organização".

Enquanto o mundo se chacoalha fazendo caça as bruxas contra os corruptos no futebol, cria estratagemas para inovar na formação de craques e demonstram evolução. No Brasil, deitado eternamente em berço esplêndido está Del Nero autorizando a Seleção Brasileira a ser comandada pelo autoritário Dunga, bem típico de regimes de "exceção".

domingo, junho 05, 2016

A Esquerda é inepta para falar com os evangélicos, que 'pecam' ao permitirem o rótulo que são todos 'farinha do mesmo saco'


Martin Luther King, Pastor Batista,
 em discurso na cidade de Nova Iorque.


Os evangélicos tem sido representados na Câmara Federal e no Senado por uma bancada significativa: 75 deputados e três senadores. Mas será que o discurso destes congressistas representam os votos a que foram confiados?

Debates acalorados sobre igualdade racial e de gênero, casamento gay e direito ao aborto e a eutanásia recebem a notabilidade dos 'crentes' as palavras destemperadas, preconceituosas e pouco inteligentes de Marco Feliciano, Eduardo Cunha, Marcelo Crivela e Magno Malta. 

Exemplo deste besteirol foi a classificação de Feliciano, parlamentar do PSC,  sobre os descendentes de africanos como "amaldiçoados de Noé” na discussão da igualdade racial e sobre os direitos aos homossexuais, foi mais longe ao se referir que a Aids como "câncer gay". Este ódio proferidos pelos congressistas  é a manifestação de todo público protestante?

Não  podemos esquecer que um dos grandes nomes pela luta dos direitos civis no mundo era um evangélico: Martin Luther King. 

O Ministro Batista foi um ativista político espetacular e inseriu o movimento evangélico nesta cena ao fundar a Conferência da Liderança Cristã do Sul, em 1957, que lutou contra o racismo,a pobreza e a Guerra do Vietnã. 

O discurso "I Have Dream"(Eu tenho um sonho) é considerado a melhor manifestação política da história. Recebeu o Nobel da Paz em 1963, foi assassinado em 1968 e Governo dos Estados Unidos decretou como feriado nacional toda terceira segunda feira de janeiro como o "Dia de Martin Luther King", desde 1983.

No Brasil, em 1980 foi fundado o Movimento Progressista Evangélico, que se auto denominam uma associação civil,  sem fins lucrativos, de Cristãos Evangélicos comprometidos com um projeto de ação político-social da perspectiva da ética cristã.

Mas por que a Direita brasileira se apropriou do discurso político dos evangélicos?

Em entrevista ao site "El País", para o jornalista André de Oliveira, o Doutor em Sociologia pela Universidade Humboldt de Berlim, Roberto Dutra, diz que a Esquerda encara os evangélicos apenas como conservadores.

"A única alternativa política que tem tematizado o tema da família é – em uma democracia como a nossa, e eu diria que em várias outras também – a da direita. Ou seja, é justamente quem fala para os evangélicos: a família corre risco porque os homossexuais, a ideologia de gênero e os “esquerdopatas” estão ameaçando ela. Sem outra explicação, muitas vezes o indivíduo aceita essa mesma. Assim, a identificação dos evangélicos com a pauta política de seus líderes vem em alguns casos por pura falta de alternativa e compreensão dos setores ditos mais esclarecidos da sociedade que não conseguem compreender que o tema da família não é necessariamente conservador", refletiu Dutra ao El País.

O Sociólogo lembra que o público evangélico elegeu um presidente intelectual (FHC), um metalúrgico(Lula) e uma guerrilheira (Dilma), demostrando progressismo no voto executivo. Mas no legislativo se configura com quem dialoga com ele as temáticas sociais de seus interesses. Atualmente os deputados conservadores. 

Mesmo dentro da bancada evangélica os deputados e senadores não há coesão. Pentecostais e Neo pentecostais tem estratégias de atuação diferentes e se unirão apenas na questão do impeachment.

A falta de inteligência da esquerda brasileira em dialogar com público evangélico se reflete no predomínio dos conservadores sobre as pautas de uma parte de população que aumenta a cada dia, com suas necessidades e aflições e que não admitem mais que o executivo, legislativo e judiciário virem as costas para suas causas. 


sábado, junho 04, 2016

Morreu Ali, o maior atleta ativista por direitos da história.Por que o jogador brasileiro é alienado?

Malcom X e Muhammad Ali

Morreu o boxer Muhammad Ali, o principal boxer da categoria pesos pesados da história e maior ativista político na história entre os esportistas. Personalidade marcante, inteligente e irredutível no reconhecimento dos  direitos civis para os negros. Não foi apenas um exemplo para o esporte, mas sim de cidadania e que leva a uma reflexão trazendo a discussão para o Brasil e principalmente o futebol, por que o jogador de futebol é tão alienado politicamente?

Ali, nasceu como Cassius Marcellus Clay Jr  e se converteu ao islamismo, não aceitava posicionamentos e conceitos racistas que a sociedade empunhava contra os negros, principalmente na questão das diferenças sociais com os brancos.  

Discutia racismo com Martin Luther King e era amigo de Malcom X, se rebelou e recusou a lutar pelo exército amerino na guerra da Vietnã. "Nenhum vietcongue me chamou de crioulo, porque eu lutaria contra ele?", ao ser perguntado sobre o assunto, respondeu Muhammad Ali. 



Pagou um preço altíssimo, sendo proibido de lutar por três anos e seis meses. Ali não esmoreceu e ganhou o caso na Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos, o episódio foi retratado no filme "A maior luta de Muhammad Ali", com direção de Stephen Frears.

No futebol brasileiro, você pode contar nos dedos  os atletas que se propuseram ao ativismo político quando estavam em  atividade. Sócrates, Reinaldo, Afonsinho, Casagrande, Vladimir e o  Diogo, o ex-goleiro do Corinthians. 

Aliás, o arqueiro do Timão chegou a ser preso por integrantes do Doi-Codi (Centro de Operações de Defesa Interna)  pois não acreditava em um país comandado por militares. O ex-presidente da equipe do Parque São Jorge, Wadih Helu, que tinha influência com os "poderosos" da época, conseguiu libera-lo  prisão. Em uma entrevista, confessou que chegou a guardar embaixo da cama uma metralhadora.

Talvez falte alguns nome na lista acima, mas inclua na luta política, os  "oportunistas" que se aproveitaram da fama no esporte para ganhar votos em eleições para vereadores, deputados e senadores sem ter ao menos um básico plano de ideias e propostas.

Em uma sociedade plutocrática e com o "complexo de vira-latas" como a brasileira, os atletas em geral se portam como "capitães do mato" na hora de lutar por direitos e contra os preconceitos.

Os "capitães do mato" no século 19, no geral eram negros livres e pobres que trabalhavam para preservar os interesses patrimoniais dos senhores fazendeiros, capturando os escravos, semelhantes a sua condição. 

Tais como os "capitães do mato", o jogadores de futebol não atua na busca de uma unidade comum e sim, por interesse próprio, se portando de modo prático para o dirigente (os novos senhores patrimoniais), bem pago, mas nunca ser tratado como um "igual ".

Assim, os profissionais do futebol na sua totalidade e representação ficam sem prestígio na luta por conquistas  e direitos na profissão. Nada mais produtivo para plutocratas da bola, que ficam sem muitas  obrigações e "defendidos" pelas estrelas alienadas, os novos "capitães do mato", dos gramados.










sexta-feira, junho 03, 2016

Qual atleta foi mais completo no esporte e como cidadão: Pelé ou Muhammad Ali?

O Atleta do Século para os americanos

Duas das principais publicações esportivas do mundo divergiram na escolha do Atleta do Século 20. O francês L'Equipe fez uma votação com jornalistas de todos os continentes em julho de 1980 e Pelé, venceu o americano Jesse Owens por nove pontos. Dezenove anos depois, a revista americana Sports Ilustrated, ouviu especialistas em todos os esportes e ao final não teve dúvidas em apontar Muhammad Ali como o número 1. Afinal, quem é o maior?

Dois atletas fantásticos, estrelas de personalidades diferentes. O brasileiro calmo, politicamente   alienado e indiretamente corroborou com a ditadura no Brasil. Enquanto o americano se opôs contra os preconceitos raciais e recusou lutar na Guerra do Vietnã,  pagando caro, sendo proibido de lutar por três anos. 

Comercialmente, o futebol é muito mais praticado que o boxe. O marketing esportivo em volta do esporte é opressor nas cabeças das pessoas despudorando a um consumo irreal. E claro que a prática esportiva coletiva levará vantagem .
O Atleta do Século para os franceses


Entretanto, Ali sabia se promover muito bem, conseguia atrair a atenção da imprensa com provocações aos adversários, discutia racismo com entrevistadores, não se deixava atingir por comentários preconceituosos. Pelé, sempre simpático, atendia e atende os fãs com toda atenção e as vezes por horas,  fenômeno de mídia e audiência, trabalhou como ator e até se arriscou compondo e cantando. 

Santos de Pelé na Nigéria

Ambos tiveram histórias maravilhosas na África. Pelé, trouxe a paz na região de Biafra, na Nigéria. Os nigerianos para vê-lo jogar em 1969, pararam um conflito armado que já durava dois anos. Foi tão importante a chegado do Rei e do Santos, que a principal autoridade nigeriana decretou feriado. Após o confronto com uma seleção local que o Peixe venceu por 2 a 1, a guerra voltou. Se o Rei parou um país, Ali levou à África ao centro do mundo quando lutou contra George Foreman em 1974, no Zaire. 

Ambos tiveram suas vidas retratadas no cinema em Pelé Éterno, de Anibal Massaíni, e Ali, de Michael Mann.


Muhammad Ali e Pelé estão adoentados. O maior camisa 10 do futebol, operou o quadril  e a próstata, continua trabalhando em eventos mas com dificuldades. Ali foi internado em 03 de junho de 2016, em Phoenix, nos Estados Unidos, com problemas respiratórios. Há 36 anos convive com o Mal de Parkinson, está em estado de demência e as informações da imprensa americana não dão boas perspectivas para a recuperação do maior campeão dos peso pesados. 


* Muhammad de Ali faleceu na madrugada de 4 de junho de 2016, aos 74 anos, em decorrência a complicações respiratórias.

Eles não precisam dce identificação

Comecei o texto com a "cabeça" que Ali foi maior que Pelé. Resolvi consultar três bons jornalistas esportivos sobre o tema. O primeiro, disse que era o boxer, sem dúvida; o segundo, enalteceu o Rei, lembrando que comercialmente "Ele" ainda é admirado; o terceiro, estimava os dois, mas escolheria o corredor de curtas e médias distâncias, Jesse Owens, campeão olímpico desafiando Hitler em 1936. 

E neste último paragrafo não tenho como determinar quem foi o esportista do século. Teria que escolher outros critérios, ouvir especialistas, em imagem pública, na ciência política, psicólogos e jornalistas esportivos, e mesmo assim, acreditem, teríamos dificuldade para apontar sem dúvidas quem foi o melhor: Pelé ou Muhammad Ali? 

quinta-feira, junho 02, 2016

Lava Jato utiliza como ferramenta: o único item do "código de ética" dos bandidos!

Tommaso Buscetta, conhecido com o “chefe dos dois mundos”, tenta permanecer incógnito durante o iprocesso. Fotografia: autor desconhecido.
O mafioso arrependido Tommaso Buscetta

A primeira delação premiada que se tem conhecimento foi a de Judas Iscariotes ao então prefeito da Judeia e juiz da condenação a morte de Jesus Cristo, Pôncio Pilatos. Uma espécie de operação "Lava Mãos" do Império Romano. O prêmio foram trinta moedas de prata, que segundo a Bíblia, Judas tentou devolver antes de se enforcar.

Desde aquela época só há um mandamento na tábua do código de ética dos bandidos & criminosos: não delatar. Em caso do desrespeito,  a pena é severa. O mafioso italiano Tommaso Buscetta, preso no Brasil em 1984, pagou caro ao abrir a boca.

 Buscetta dedurou nada menos que 475 mafiosos e políticos para justiça italiana e americana. Entre eles, o Primeiro  Ministro Italiano , Giulio Andreotti, condenado a 24 anos de prisão, entre os motivos, o envolvimento no assassinato do jornalista Mino Pecorelli. Andreotti não cumpriu um dia sequer na cadeia, pois gozava de imunidade parlamentar. 

A Operação Mãos Limpas na Itália resultou em 19 pessoas à cumprir pena de prisão perpétua e 2.665 anos  de "xadrez" somadas todas as outras punições. O mafioso pagou caro por quebrar a Omertá (lei do Silêncio da Cosa Nostra); Roberto Felice, nome falso que usou no Brasil, perdeu parentes queridos assassinados: dois filhos, um irmão e o genro. E após tanta mídia e poder, morreu em decorrência de um câncer, na periferia de Nova Jersey no dia 04 de abril de 2000, nos Estados Unidos, após colaborar com o FBI. Ele tinha 71 anos.

Neste ínterim de quatro anos (1992 a 1996), a Operação Mãos Limpas apresentou números suntuosos: 2.993 mandados de prisão haviam sido expedidos; 6.059 pessoas estavam sob investigação, incluindo 872 empresários, 1.978 administradores locais e 438 parlamentares, entre os quais,  quatro haviam sido primeiros-ministros. E quatro partidos praticamente deixaram de existir na política: Democracia Cristã, o Socialista, o Social Democrata e o Liberal.

Morto, o filho do mafioso que quebrou a Omertá: Tommaso Buscetta.
Também causou muitos suicídios, como o do presidente da ENI (pretoleira estatal italiana), Gabriele Caggliari, e de Raul Gardini, um mega empresário italiano, encontrado no seu quarto com um tiro na cabeça.

Em 1994, para "comemorar" a maior ação contra os corruptos e criminosos da "Bota", o supra sumo das acusações de lavagem de dinheiro, evasão fiscal, homicídio, fraudes, subornos, corruptela e aliciamento de menores, de todos os tempos entre os presidentes do Conselho de Ministros da Itália , assume o poder: Silvio Berlusconi.

Berlusconi ocupou o cargo de Primeiro Ministro por nove anos, entre vindas e idas, renunciando em novembro de 2011, culminando o país a uma situação crítica economicamente: 11,7% de  desempregados e uma dívida pública de 133% do PIB.

* foto : assassinado um dos filhos de Buscetta, sobrinhos do mafioso em pé lamentam a morte do primo.

Seguindo o mesmo modelo "Mani Pulite" capitaneada pelo juiz  Gilberto Falconi, o Brasil criou a Operação Lava Jato, com o mesmo critério de justiçamento adotado da "co-irmã": delação premiada.

Sergio Moro, que imagina ser o "Gilberto Falconi" brasileiro, é o "arbitro" da "Lava Jato" e devido aos  alcaguetes tem obtido algum exito na descoberta de corrupção na Petrobras. Mas tem inclinado apenas para um lado, o da esquerda, ou melhor o PT.

A "Lava Jato" não foi iniciada para investigar o Partido dos Trabalhadores, mas devido as inúmeras atividades ilegais encontradas e as manchetes que "explodiam" nos jornais ao denunciar petistas,  Moro aproveitou para ficar famoso e municiar uma boa parte da mídia resultando em "reconhecimento".

A imprensa conduziu o público a acreditar que a altivez  da "Lava Jato" atingiria qualquer um, independente da posição e do poder. Pura falácia. Tucanos, democratas,  peemedebistas, donos de de veículos de comunicação graúdos foram pouco amolados apesar de fortes indícios das falcatruas.

Alguns jornais, emissoras de tv e rádio, portais e o  o juiz Sérgio Moro querem que a "cereja do bolo" seja a prisão do ex-presidente Lula.

Luis Inácio já está condenado, falta encontrar o crime e para isso o Ministério Público do Paraná não vê inconvenientes em vazamentos seletivos, acusações sem culpabilidade, condução coercitiva, juízos de valores, quebra de sigilo telefônico, coação de testemunhas e o que mais precisar.

O meritíssimo maringaense tem como a sua arma principal a delação premiada, que por ironia do destino foi autorizada pela presidenta Dilma Rousseff em 2013.

A delação não é uma decisão de altruísmo do bandido; e sim um prêmio, onde o velhaco levará algum tipo de vantagem. Mas para que estas acusações tenham algum juízo de valor e que sirva para a justiça e até mesmo para alguns de nossos "militantes" membros do Supremo Tribunal Federal, tem que existir provas e indicativos antes das mesmas serem validadas.

A "Lava Jato" não tem primado por isso e muito menos a descoberta da corrupção nas estatais mudou algum ponto ou procedimento para indicação de cargos e a ocupação da presidência das empresas.

Apenas abriu um mar de lama enveredado para liquidar o PT e os seus principais expoentes Lula e Dilma Rousseff.

Se não obtiver a mudança de parâmetros, a corrupção continuará acontecendo. Assim, absolvendo os corruptos e os corruptores que apesar das evidências não são investigados receberão involuntariamente um atestado de idoneidade desfigurado em um "amanhã" póstumo não só da estatal, mas do Estado Brasileiro.

Nos anos finais de sua vida, Tommaso Buscetta comentou com os agentes da inteligência italiana o arrependimento pelas delações que fez: “Levarei a certeza de que errei na previsão que fiz com o juiz Falcone. A máfia hoje desempenha um papel maior do que no passado”.

terça-feira, maio 31, 2016

Após um ano da denúncia do Feirão do crack na Luz, advinha o que aconteceu?



No dia 29 de maio de 2015, a Jovem Pan Online denunciou o "Feirão do Crack" na alameda Dino Bueno em São Paulo. Naquele espaço, na maior cidade do país, estavam confinados brasileiros invisíveis ao Poder Público, ao Estado e à você, 

Os políticos só lembram das Cracolândias espalhadas pelo Brasil em época de eleição, com mil propostas e quando eleitos, pouca resolução. A Polícia Civil e a Militar, além do Ministério Público acreditam que uma energética medida de repressão resolverá o problema, que traduzindo é porrada nos consumidores e liberdade para os traficantes-chefes em seus apartamentos de alto padrão. 

Você e a maioria, apenas se importará com o tráfico de drogas quando ele atinge um familiar,  aquele seu consumo esporádico ou quando um usuário o incomoda, rouba ou fica a sua vista. Até este momento são imperceptíveis a sociedade.

O traficante da foto acima, foi preso à época, segundo o secretário do bem estar social do governo do Estado de São Paulo, Floriano Pesaro.  Uma agulha em um palheiro.

Entrevistado pela incansável jornalista Izilda Alves, da Rádio Jovem Pan, Fábio Fortes, o presidente do Conseg da Santa Cecília e Campos, ressaltava a omissão e a inoperância do Poder Público à época da reportagem. 

A última notícia que replicou na mídia sobre a Cracolândia da Luz é a construção de moradias populares na região em uma parceria pública e privada. Sem data para o início, os 1.200 apartamentos proposto para famílias com renda até de R$ 6.000. 

Em outubro teremos eleições municipais e os  candidatos irão propor soluções como nunca, para o fim da Cracolândia  e infelizmente o problema continuará como sempre. 

Veja abaixo a reportagem em vídeo na Cracolândia em São Paulo




segunda-feira, maio 30, 2016

Por que está doendo a morte de um facínora?


Mineirinho, morreu de olhos abertos, cravando o olha
 os seus últimos momentos de vida na dupla de algozes.
 Reprodução Google


José Rosa Nascimento empunhou o apelido de Mineirinho que foi eternizado pelo conto homônimo de Clarice Lispector para Revista Senhor em 1962. Bandido querido pelas comunidades cariocas, apesar das condenações a 107 anos de prisão, pois na crendice popular tirava dos ricos e dava aos pobres o resultado de  suas ações criminosas. 

Uma "redistribuição de renda" tão vil, quanto aquela que o Estado à época não proporcionou.

Findaram sua vida com 13 balas, sendo que a primeira já encontrou o seu objetivo, as outras doze eram apenas a vontade de matar. Por ironia do destino o seu sepultamento aconteceu em primeira maio, de 1962, dia do trabalho e quase três mil trabalhadores compareceram no cemitério do Caju, zona norte, quando os ponteiros apontava o maior para o número três e o menor para 12.

Um filme dirigido por Aurélio Teixeira romanceou a trajetória do mineiro, radicado no Rio de Janeiro, com Jece Valadão no papel principal. No final do texto o vídeo com a película na íntegra.

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Por Clarice Lispector

É, suponho que é em mim, como um dos representantes do nós, que devo pro­curar por que está doendo a morte de um facínora.

 E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. 

Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irre­dutível também, a violenta compaixão da revolta. 

Sentir-se dividido na própria perple­xidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. 

A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. 
Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. 

Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”. Por que? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.

Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.

Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais.

Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos.

Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais — vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu - que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. 

E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. 

Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva.



Notícia do Jornal do Brasil sobre a morte de Mineirinho em 01 de maio de 1962.Clique na imagem e a veja ampliada.

Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver. Como não amá-lo, se ele viveu até o décimo-terceiro tiro o que eu dormia? Sua assustada violência. Sua violência inocente — não nas conseqüências, mas em si inocente como a de um filho de quem o pai não tomou conta.


Tudo o que nele foi violência é em nós furtivo, e um evita o olhar do outro para não corrermos o risco de nos entendermos. Para que a casa não estre­meça.


A violência rebentada em Mineirinho que só outra mão de homem, a mão da esperança, pousando sobre sua cabeça aturdida e doente, poderia aplacar e fazer com que seus olhos surpreendidos se erguessem e enfim se enchessem de lágrimas. 

Só depois que um homem é encontrado inerte no chão, sem o gorro e sem os sapatos, vejo que esqueci de lhe ter dito: também eu.

Eu não quero esta casa. Quero uma justiça que tivesse dado chance a uma coisa pura e cheia de desamparo em Mineirinho — essa coisa que move montanhas e é a mesma que o fez gostar “feito doido” de uma mulher, e a mesma que o levou a passar por porta tão estreita que dilacera a nudez; é uma coisa que em nós é tão intensa e límpida como uma grama perigosa de radium, essa coisa é um grão de vida que se for pisado se transforma em algo ameaçador — em amor pisado; essa coisa, que em Mineirinho se tornou punhal, é a mesma que em mim faz com que eu dê água a outro homem, não porque eu tenha água, mas porque, também eu, sei o que é sede; e também eu, que não me perdi, experimentei a perdição.


A justiça prévia, essa não me envergonharia. Já era tempo de, com ironia ou não, sermos mais divinos; se adivinhamos o que seria a bondade de Deus é porque adivinhamos em nós a bondade, aquela que vê o homem antes de ele ser um doente do crime. Continuo, porém, espe­rando que Deus seja o pai, quando sei que um homem pode ser o pai de outro homem.

E continuo a morar na casa fraca. Essa casa, cuja porta protetora eu tranco tão bem, essa casa não resistirá à primeira ventania que fará voar pelos ares uma porta tran­cada. Mas ela está de pé, e Mineirinho viveu por mim a raiva, enquanto eu tive calma.




A legenda era: Mineirinho não mais "sete" vidas

Foi fuzilado na sua força desorientada, enquanto um deus fabricado no último instante abençoa às pressas a minha maldade organizada e a minha justiça estupidificada: o que sustenta as paredes de minha casa é a certeza de que sempre me justificarei, meus amigos não me justificarão, mas meus inimigos que são os meus cúmplices, esses me cumprimentarão; o que me sustenta é saber que sempre fabricarei um deus à imagem do que eu precisar para dormir tranqüila e que outros furtivamente fingirão que esta­mos todos certos e que nada há a fazer.

Tudo isso, sim, pois somos os sonsos essenciais, baluartes de alguma coisa. E sobretudo procurar não entender.


Porque quem entende desorganiza. Há alguma coisa em nós que desorganizaria tudo — uma coisa que entende. Essa coisa que fica muda diante do homem sem o gorro e sem os sapatos, e para tê-los ele roubou e matou; e fica muda diante do São Jorge de ouro e diamantes. 

Essa alguma coisa muito séria em mim fica ainda mais séria diante do homem metralhado. Essa alguma coisa é o assassino em mim? Não, é desespero em nós. Feito doidos, nós o conhecemos, a esse homem morto onde a grama de radium se incendiara. 

Mas só feito doidos, e não como sonsos, o conhecemos. É como doido que entro pela vida que tantas vezes não tem porta, e como doido com­preendo o que é perigoso compreender, e só como doido é que sinto o amor profundo, aquele que se confirma quando vejo que o radium se irradiará de qualquer modo, se não for pela confiança, pela esperança e pelo amor, então miseravelmente pela doente coragem de destruição. Se eu não fosse doido, eu seria oitocentos policiais com oitocentas metralhadoras, e esta seria a minha honorabilidade.

Até que viesse uma justiça um pouco mais doida. Uma que levasse em conta que todos temos que falar por um homem que se desesperou porque neste a fala humana já falhou, ele já é tão mudo que só o bruto grito desarticulado serve de sinalização.

Uma justiça prévia que se lembrasse de que nossa grande luta é a do medo, e que um homem que mata muito é porque teve muito medo. Sobretudo uma justiça que se olhasse a si própria, e que visse que nós todos, lama viva, somos escuros, e por isso nem mesmo a maldade de um homem pode ser entregue à maldade de outro homem: para que este não possa cometer livre e aprovadamente um crime de fuzilamento.

Uma justiça que não se esqueça de que nós todos somos perigosos, e que na hora em que o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem querendo eliminar um criminoso, ele está cometendo o seu crime particular, um longamente guardado. Na hora de matar um criminoso - nesse instante está sendo morto um inocente. Não, não é que eu queira o sublime, nem as coisas que foram se tornando as palavras que me fazem dormir tranqüila, mistura de perdão, de caridade vaga, nós que nos refugiamos no abstrato.

O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno.


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Assista na íntegra o filme Mineirinho, Vivo ou Morto, do diretor Aurélio Teixeira de 1967.